Diário de uma Bi: Trabalho e Missão de Vida

Florianópolis, 26 de setembro de 2019.
Olá, meu querido diário!
Tenho pensado muito sobre a juventude de hoje, sabe, como estão sofrendo e perdidas! Faço um trabalho voluntário de aconselhamento. Deixo um canal aberto para me fazerem perguntas e uma boa parte dessas perguntas vêm de adolescentes e jovens.
São perguntas do tipo:
Como fazer as pazes com a minha amiga depois de ter ficado com o ex dela?
Qual o tamanho do pênis ideal?
Me sinto culpada depois de fazer sexo, sinto que estou fazendo algo sujo ou errado, o que eu faço para mudar esse pensamento?
Transei com o boy, fizemos só uma posição alguns minutos ele gozou, aí paramos , ficamos na cama abraçados .. será que eu fiz coisa ruim para ele não querer mais transar ?
Perder a virgindade dói?
Gosto de sentir o gosto do meu esperma, isso é errado? Será que sou gay?
Eu gosto de um cara mas acho que esse cara não sente o mesmo por mim e só me quer para transar, não quero falar sobre com ele, como eu descubro?
Como fazer para se recuperar de uma dor de amor ?
Entre essas e muitas outras questões, tenho percebido o quanto é importante conversar sobre sentimentos, relacionamentos e principalmente sexo. No meio de tantas dúvidas e preocupações, vejo muito preconceito, machismo, visão distorcida sobre o sexo, irresponsabilidade em se proteger sexualmente e afetivamente também.
Percebo meninas que se sujeitam a tantas coisas para serem aceitas, pessoas escondendo sua sexualidade debaixo do preconceito, problemas com a autoaceitação…. uma infinidade de situações que tento ajudar, orientando, aconselhando.
Certamente, esses jovens não têm alguém para dialogar. O diálogo sobre sexo é um tema tão evitado que torna a vida das pessoas um inferno. Os hormônios vão falar mais alto e a vida pode mudar drasticamente por questão de minutos, numa gravidez indesejada ou contraindo DSTs, sem falar nas dores emocionais que a falta de uma autoestima elevada pode causar.
Esse é um trabalho de formiguinha, meu querido diário, mas se eu puder ajudar a melhorar a vida de, pelo menos, alguns jovens que ali estão, já vou me sentir satisfeita, pois me dói ver o sofrimento deles.
Eu mesma fui uma jovem sem orientação alguma e sofri muito com isso. Até descobrir o meu caminho, foi uma longa jornada, e finalmente estou aqui para fazer a minha parte na sociedade, mudando a vida das pessoas para melhor.
Por hoje é só.
Bjos! Até breve!